Voluntários contribuem para a recuperação do habitat numa das alcateias mais instáveis do Alto Minho
Voluntários contribuem para a recuperação do habitat numa das alcateias mais instáveis do Alto Minho
27.03.2025
Ações de reflorestação com recurso a trabalho voluntário foram promovidas pelo LIFE WILD WOLF entre fevereiro e março de 2025, incidindo no interior do território da alcateia da Boulhosa, um dos grupos reprodutores de lobo mais instáveis do Alto Minho, devido à degradação do habitat e à perseguição humana em retaliação pelos danos causados aos animais domésticos. Esta iniciativa desenvolveu-se com a colaboração da Associação Amigos da Montanha, o Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura, os compartes do baldio de Insalde, o viveiro florestal do baldio de Linhares e os sapadores florestais do Município de Paredes de Coura.
O intuito destas ações foi contribuir para a recuperação dos bosques autóctones, através da promoção da regeneração natural, da plantação e sementeira de árvores nativas numa parcela de cerca de 10 hectares de terreno baldio na serra da Boalhosa, dominada por densos matagais de tojo com elevado risco de incêndio, e que não fornecem condições adequadas para refúgio e alimento das presas naturais do lobo.
Para contrariar a degradação ambiental resultante dos matagais dominados por tojo, os quais são frequentes na maioria das serras do Alto Minho, primeiro foram cortadas extensas áreas de tojo com recurso a trabalho moto-manual ou mecânico, salvaguardando cuidadosamente toda a regeneração natural de árvores e arbustivos nativos (como por exemplo, carvalhos, bétulas, salgueiros, pereiras-bravas e urzes). Posteriormente, com recurso a 3 ações de trabalho voluntário envolvendo mais de duas centenas de adultos e crianças, foram plantadas cerca de 300 árvores pertencentes a 8 espécies autóctones (carvalho, sobreiro, castanheiro, bétula, azevinho, aveleira, pereira-brava e salgueiro), a maioria com origem local, e semeados cerca de 40 kg de bolotas de carvalho-alvarinho, recolhidas na região. Foi ainda recuperada uma charca existente, através de plantação de vegetação aquática e reforço de taludes com técnicas de engenharia natural para prevenir a erosão, permitindo promover a biodiversidade, em particular de anfíbios e insetos.
Este procedimento pretendeu restaurar o banco de sementes de árvores nativas numa área anteriormente bastante pobre em termos de espécies vegetais, permitindo assim, a médio-longo prazo, desenvolver um bosque autóctone diversificado com menor risco de incêndio e melhores condições de habitat para as populações de presas naturais do lobo, como o corço, javali e veado. O fomento das presas naturais levará a que este predador não tenha necessidade de aproximar-se das aldeias e dos animais domésticos para procurar alimento, e consequentemente, apresente um menor risco de ser abatido ilegalmente, contribuindo para a viabilidade da alcateia local. Além disso, o envolvimento da sociedade nos trabalhos realizados, permitiu uma maior consciencialização social sobre a necessidade de restauro ecológico e da recuperação do habitat do lobo.